Artigos e Crônicas

Veja detalhes do item selecionado.

LINGUAGEM VERBAL E NÃO VERBAL: O ENSINO DE LÍNGUA PORTUGUESA

Publicado em: 13 de junho de 2013

Isa Leão Castro 1

RESUMO

A interação humana revela aspectos que necessitam ser pensados e analisados, a fim de que se possa atingir uma comunicação eficiente. Neste sentido, o objetivo deste trabalho foi propor atividades para a prática da linguagem verbal e não verbal, assim como descrever, identificar e relacionar os aspectos fundamentais para a eficácia do uso da Língua Portuguesa. Desta forma, o desprendimento do professor para o aperfeiçoamento de sua ação é fundamental para a melhoria da escrita, fala e leitura dos acadêmicos.

Palavras-Chave

Linguagem verbal/não verbal, comunicação, Língua Portuguesa.

1 INTRODUÇÃO

A comunicação verbal bem como os aspectos sócio-culturais do ser humano são externados psicofisicamente através da linguagem. Este é meio de expressar e comunicar idéias, interpretar e usufruir as produções culturais nos mais diferentes contextos, atendendo a diferentes intenções e situações de comunicação.

O domínio da linguagem como atividade discursiva e cognitiva, e o domínio da língua como sistema simbólico utilizado por uma comunidade lingüística são condições de possibilidades de plena participação social. Pela linguagem os homens se comunicam, têm acesso a informações, expressam, partilham e constroem visões do mundo, isto é, produzem cultura. Através da linguagem expressam-se ideias, pensamentos e intenções; estabelecem-se relações interpessoais e influencia-se o outro, alterando suas representações da realidade e da sociedade.

Em constantes reflexões com profissionais da educação, discutem-se metodologias para a prática educativa e sua multiplicidade de aspectos, no sentido de aprofundar conhecimentos sobre a linguagem verbal e conseqüentemente, organizar a comunicação, como principal função do professor de língua portuguesa.

Esta pesquisa tem como objetivo propor atividades para a prática da linguagem verbal e não verbal nas aulas de língua portuguesa, descrevendo, identificando, relacionando e apontando sugestões para a prática oficial da língua.

Este trabalho se justifica pela reflexão e análise sobre a importância da comunicação verbal e suas implicações didático-pedagógicas; como tentativa de organizar e adquirir conhecimentos maiores que permitem interpretações e possíveis conclusões como fruto de participação de todos na prática social, pois a linguagem verbal, tanto voltada para a oralidade quanto a escrita representa toda a experiência do ser humano na vida social.

Em um primeiro momento aborda-se os tipos de comunicação utilizados pelo homem: verbal e não verbal. Muitas vezes, os tipos de comunicação referidos se completam, tornando mais rica e compreensível a comunicação humana.

Depois apresenta-se os aspectos que influenciam a comunicação: o signo lingüístico, e os sentidos são citados.

Em seguida são analisados os tipos de linguagem usadas no cotidiano, assim como a diferença entre língua, linguagem e a influência que estas duas possuem sobre a vida em sociedade.

Assim, questiona-se a postura do professor em sala de aula, juntamente com a sua atuação no desenvolvimento da fala, língua e escrita de seus alunos.
E por último são citados os problemas existentes no ensino da língua, juntamente com as soluções para melhorar o uso do português pelos alunos universitários.

Com o estudo sobre as diferentes linguagens, conclui-se que o ato de comunicar age no sentido de fazer-fazer. A linguagem oral é a capacidade que o homem tem de se comunicar por meio de sons articulados entre si. É a principal forma de correspondência social e dá significado e continuidade às experiências.

2 A COMUNICAÇÃO: CONCEITO

A origem da palavra comunicar é “communicare” (latim), cujo significado é tornar comum ou compartilhar. Portanto, a finalidade da comunicação é expressar pensamentos, idéias e sentimentos que possam ser compreendidos por outras pessoas. Trata-se de uma necessidade humana básica.

Comunicar implica na busca de entendimento e compreensão. A força da comunicação, no mundo atual, é de uma multiplicidade infinita. Realmente, a todo instante, o homem sofre o impacto desse processo (BECHARA, 1985).

A vida e o comportamento humanos são regidos pela informação, pela persuasão, pela palavra, som, cores, formas, gestos, expressão facial, símbolos.

O entendimento não mais se faz apenas pela língua falada ou escrita, mas também através do rádio, da televisão, do jornal, da música, do cinema, da publicidade em toda a mídia (SOARES, 1999).

Assim, conclui-se, que todas as atividades procuram desenvolver e ampliar as habilidades comunicativas através de experiências reais de comunicação que constituem o mais importante meio de interação social, pois o viver em comum e o viver em grupo têm na linguagem o requisito essencial.

2.1 Comunicação verbal e não verbal

Comunicação não se faz somente com palavras. Gestos, toques, imagens visuais e sonoras, até sensações olfativas ou gustativas fazem parte dos recursos de que se dispõem para a comunicação. Como as palavras, os sentidos também adaptam o ser humano ao meio sócio-ambiental, constituindo fontes de conhecimentos (ALCURE, 1996).

Segundo Oliveira (2007, p. 7), “para compreender o mundo de forma plena e se comunicar o ser humano usa as duas formas de expressão: verbal e não-verbal, que são muitas vezes, campos complementares e simultâneas”.

A comunicação verbal e não-verbal se complementam tornando mais rica, compreensível e acessível a comunicação humana. Em outras palavras, quando se expressa pela palavra, usa-se o raciocínio e a compreensão. A partir daí avança-se no conhecimento, etapa por etapa. Quando se usa uma linguagem não-verbal, como o mapa, a apreensão é imediata e global, já nas explicações verbais há uma seqüência organizada e mediata. As duas formas de expressão são importantes e funcionais para a comunicação humana.

Verifica-se que todas as conquistas que o homem alcançou no curso de sua história estão de alguma forma relacionadas à comunicação. Sem a comunicação não haveria cultura (conjunto de crenças, valores e comportamentos próprio de uma comunidade), pois os conhecimentos de cada indivíduo não seriam transmitidos e assim desapareceriam com a sua morte.

2.1 Cultura

Segundo Alcure (1996, p.11), a comunicação e a própria cultura são:

experiências de acumulação do não-verbal e do verbal. Toda cultura, na verdade, é uma combinação desses dois modos de conhecimento e de interpretação, de troca simbólica da experiência humana por exemplo, ninguém precisa de escola para acompanhar uma novela, porém para se entender um romance é necessário saber ler, além de conseguir organizar os processos mentais. A cultura da sociedade é complexa, com muitas linguagens.

Segundo Cereja (2004, p.7), “a língua é um sistema simbólico, formado por palavras e por leis combinatórias que permitem o exercício da linguagem verbal”. A linguagem verbal é a realização concreta da língua por meio de sons vocais; ou seja, é a fala humana.

A língua é a parte social da linguagem, pertence a todos os membros de uma comunidade sendo exterior ao indivíduo, que não pode criá-la nem modificá-la; a fala é sempre individual e seu uso depende da vontade do falante.

Uma mensagem oral não se reduz unicamente ao seu significado lingüístico, e a introdução da escrita implica uma mutação profunda, não só cultural e econômica, também mental (OLIVEIRA, 2007).

Analisando-se as citações dos referidos autores, pode-se constatar que é através da língua que a cultura passa de uma geração á outra. Neste contexto a escrita também tem papel fundamental para resguardar os hábitos e costumes de um povo em determinada época.  

3 ASPECTOS LINGÜÍSTICOS E A COMUNICAÇÃO

3.1 O signo lingüístico

Segundo Coelho (2005, p. 25), “um signo, na doutrina saussureana, é o resultado da união de um conceito e de uma imagem acústica”. Trata-se de uma relação de solidariedade e de interdependência, segundo o qual o um aspecto do signo não existe sem o outro. A imagem acústica chamou-a Saussure de significante, e a materialização do objeto de significado. O signo seria assim, o resultado da união o resultado da união entre um significante e um significado. Para que a mensagem possa efetivar a comunicação entre os dois sujeitos, é necessário que o código seja compreendido por ambos; é necessários que ambos conheçam a léxico (conjunto sistemático de signo) e, a gramática (possibilidades combinatórias) do código em uso. Toda mensagem é constituída tomando por base um código definido; o trabalho do remetente é de codificar suas mensagens e o destinatário o de decodificar a mensagem recebida.

A comunicação é uma ciência que recebe influência de muitas outras áreas do conhecimento humano, como a Filosofia, a Lingüística, a Teoria da Informação e a sociologia. A teoria que estuda a comunicação chama-se Semiologia, ou Semiótica, que significa “o estudo da vida dos signos” (ALCURE, 1996).

Conforme Cereja (2004, p.8), “em todas as linguagens, os sinais que assumem um significado chamam-se signos. O signo é uma unidade portadora de significação”. Na linguagem verbal existe o signo lingüístico que apresenta duas faces: face material – representada por sons (na língua falada) ou por letras (na língua escrita); a face imaterial, representada pelo conceito transmitido pelos sons ou letras. A face material, acústica ou gráfica do signo é chamada de significante; e a face imaterial, a do conceito é chamada de significado. O responsável por tal associação é o código, isto é, qualquer palavra, para incorporar-se à língua, precisa ser codificada. Código é uma convenção social e, entre nós, o código lingüístico utilizado é a língua portuguesa.

Muitos sinais de comunicação reforçam, substituem ou contrariam a fala: os gestos, a expressão facial (movimentos de sobrancelhas, olhares e sorrisos com muitas variações), a postura (movimentos e inclinações do corpo), a ocupação do espaço (proximidade, distância); o toque. Esses sinais, entre outros, chamados paralinguísticos, são próprios de cada cultura e variam de um lugar para outro. Através deles se realiza a comunicação humana não-verbal (ALCURE, 1996).

Falar da língua seria o mesmo que estabelecer um procedimento didático-pedagógico, que busque a realização das quatro atividades básicas da comunicação verbal: falar, ouvir, escrever e ler; fazendo com que o aluno utilize as duas substâncias principais – som e grafia, que promovem o contato entre os sujeitos do ato comunicativo e as modalidades orais e escrita da linguagem humana.

3.2 Os sentidos e a comunicação

Segundo Alcure (1996, p.23), “é muito comum à estimulação de sensações captadas por diferentes sentidos”. A comunicação audiovisual moderna está repleta de exemplos de apelo aos sentidos( visão e audição ). Quando se assiste á televisão, a um clipe ou a número musical, percebe-se, além do canto, uma imagem complexa evoluindo, sente-se até o perfume devido à força da imagem, que impressiona os sentidos. Este é um processo sinestésico.

Conforme Oliveira (2007, p. 6), “linguagem é todo sistema de sinais usados para comunicação entre os seres”. É o meio de expressão das diferentes formas comunicativas na pintura (cores, figuras); na dança (movimentos, ritmo); na escultura (proporções, formas, volume). Em sentido restrito, linguagem articulada é a faculdade que tem o homem de exprimir seus estados mentais por meio de um sistema de sons vocais chamado língua. A linguagem possibilita o pensamento em sentido lato e permite a comunicação ampla do pensamento elaborado. É pelo uso da linguagem falando oralmente ao próximo ou mentalmente, que se consegue organizar o pensamento e torná-lo articulado, concatenado e nítido.

4 LINGUAGEM

4.1 Linguagem não-verbal e verbal

Conforme Cereja (2004, p.230), “a linguagem é todo sistema formado por símbolos que permite a comunicação entre os indivíduos”; a linguagem verbal é aquela que tem por unidade a palavra, as linguagens não verbais, têm outros tipos de unidade, como o gesto, os movimentos, a imagem, a nota musical.

As pessoas não se comunicam apenas com palavras. Na verdade, movimentos faciais e corporais, gestos, olhares, apresentação e mesmo entonação de voz também falam. Constituem os elementos não-verbais da comunicação, de grande importância na transmissão da mensagem, e qualquer comunicador precisa ter conhecimento dessa realidade. Para uma comunicação plena, torna-se necessário harmonizar estas duas linguagens: verbal e não-verbal. O profissional da comunicação e também da educação, para ter sucesso, precisa conhecer e dominar a linguagem dos sinais, dos símbolos, dos gestos, da postura, do comportamento.

As informações verbais são plenamente voluntárias: o ato de falar constitui um elaborado processo, que vai desde a idéia até o enunciado da mensagem. Já o comportamento não-verbal pode ser uma reação involuntária ou um ato comunicativo. Por isso, ele nem sempre obedece a uma lógica evidente. A ambigüidade desse comportamento acaba sendo uma característica importante da comunicação não-verbal.

Assim, as relações sociais serão menos tensas se a pessoa fornecer aos outros sua projeção particular e se os outros respeitarem essa projeção;

g) Interação social – Na relação interpessoal, tanto os elementos verbais, como os não-verbais são importantes para que o processo de comunicação se complete. Os elementos não-verbais, além de dependerem de aspectos culturais, também se realizam diferentemente em determinadas circunstâncias. Por exemplo, dois adolescentes conversam a sós, animadamente, gesticulando muito. Quando a mãe de um deles se aproxima, eles se contêm, alterando o comportamento descontraído e informal. Em público, por questões sociais e pessoais, é comum o controle dos movimentos corporais e do uso do espaço. Isso se dá porque se consegue perceber o que pode incomodar aos outros, graças à capacidade de empatia.

Portanto, todo o ser humano sabe que os gestos e feições mostram aos interlocutores toda a ansiedade e nervosismo de quem fala, é importante manter o controle para não ser tido como uma pessoa sem controle emocional. Neste contexto, analisa-se que a interação social não se fez apenas pelas palavras, mas pelos gestos e feições, que mostram ativamente todo o comportamento expansivo ou retraído de quem fala, em qualquer evento social, reunião de trabalho ou mesmo com os amigos esse comportamento se torna visível por qualquer pessoa que faça parte de um grupo social, onde se convivem de atitudes e comportamentos diferentes (OLIVEIRA, 2007).

Expandindo as ideias, a partir da análise das características da linguagem verbal e não-verbal, ficam nítidos os requisitos básicos para um bom processo de comunicação,coloca Soares:

O poder da memória, a habilidade de adaptar o conteúdo da mensagem ao interesse do ouvinte, a inspiração para adequar-se às circunstâncias, a criatividade para motivar, o entusiasmo, que é uma espécie de combustível da expressão verbal, a determinação, a observação, a teatralização, a síntese, o ritmo, a voz, a respiração, a dicção (pronúncia do som), a velocidade da voz, o vocabulário, a expressão corporal (naturalidade do gesto, a posição da cabeça, a comunicação do semblante...), o conhecimento (SOARES, 1999, p.70).

Técnicas, estudos, comentários acerca da comunicação existem, mas acima destes está a percepção, a sensibilidade na escolha de como falar, o que falar, a quem falar. E o professor torna-se, desta forma, um dos mais visados para a exemplificação da comunicação oral: vale ressaltar, que um empresário, um advogado, um digitador, um vendedor, um frentista... todos valem-se deste mesmo uso.

A linguagem verbal utiliza palavras faladas ou escritas. Que, no processo de comunicação, também tem importância para transmissão da mensagem (gestos, caretas, olhares). Mas, no que se refere ao estreitamento verbal, as dificuldades de entendimento ocorrem, principalmente, porque as palavras têm graus distintos de abstração e variedade de sentido. Do mesmo modo, conforme Machado (2001, p.47), “a decodificação de cada palavra vai depender do repertório próprio do receptor”.

O significado das palavras não está nelas, mas sim nas pessoas. O que cada termo expressa pode ser diferente de um indivíduo para outro, de acordo com sua experiência concreta. Por isso, para o receptor compreender com exatidão a mensagem, convém que o emissor se certifique da adequação da linguagem, ou pelo menos de que ela será facilmente compreendida. O emissor escolhe, de seu repertório próprio, um vocábulo que traduza, com clareza, a mensagem, evitando dúvidas.

5 POSTURA DO PROFESSOR UNIVERSITÁRIO E A LÍNGUA PORTUGUESA

5.1 A oralidade dos professores na universidade

Dirigir-se a alunos, ou, em termos gerais, falar a um público não é nenhum mistério. Basta abrir a boca e ter alguém ouvindo: o falante é um orador. Enganam-se assim, aqueles que imaginam a extinção do estudo da oratória nos dias atuais. O que houve apenas foi a transformação das exigências dos ouvintes e da orientação do ensino da arte de falar em público. O uso da palavra deixou de ser um privilégio e todos precisam falar com desenvoltura para enfrentar as mais diferentes situações seja como aluno, professor, vendedor, advogado, expressando pela palavra seu conhecimento, de maneira correta e segura.

Para Alcure (1996, p.10), “a oralidade implica um corpo que fala, por isso é mais sensual que a escrita”. Os educadores devem programar atividades para a resolução dos diferentes problemas da fala e da escuta, para isso, é preciso conjugar tanto a comunicação espontânea como o trabalho sistemático de discursos programados.

O trabalho com oralidade, no dizer de Marcuschi (2003, p.10),” representa uma dupla proposta de trabalho: por um lado trata-se de uma missão para a ciência lingüística que deveria dedicar-se à descrição da fala e, por outro lado, é um convite a que a escola amplie seu leque de atenção”.

Quanto à escola, não se trata obviamente de ensinar a falar, mas de mostrar aos alunos a grande variedade dos usos da fala, dando-lhe a consciência de que a língua não é homogênea, monolítica, trabalhando com eles os diferentes níveis (do mais coloquial ao mais formal) das duas modalidades – escrita e falada – procurando torná-los “poliglotas dentro de sua própria língua” (BECHARA,1985, p.27).

O que Castilho (1998, p.13), reafirma:

não se acredita mais que a função da escola deve concentrar-se apenas no ensino da língua escrita, a pretexto de que o aluno já aprendeu a língua falada em casa. Ora, se essa disciplina se concentrasse mais na reflexão sobre a língua que falamos, deixando de lado a reprodução de esquemas classificatórios, logo se descobrirá a importância da língua que falamos, deixando de lado a reprodução de esquemas classificatórios, logo se descobrirá a importância da língua falada, mesmo para aquisição da língua escrita.

Partindo do pressuposto de que a capacidade de comunicação não precisa ser ensinada, sendo esta inerente, o ensino convencional não está, na maioria das vezes, dando o devido cuidado à seriedade desta prática comunicativa, extensiva tanto ao corpo discente quanto docente.

5.2 Aspectos necessários para uma comunicação eficiente


a) Codificação – Codificar equivale a reunir ou transformar um código conhecido a intenção da comunidade ou, em outras palavras, elaborar um sistema de signos. Todas as línguas são códigos. Quando se usa determinada palavra em lugar de outra, já está havendo uma codificação. Por exemplo: a escolha, por parte do emissor da expressão “muito feio”, em vez da palavra “horrendo”, pressupõe um interesse em simplificar a mensagem, facilitando sua decodificação. (NEVER, 2001).

b) Decodificação – Decodificar é decifrar a mensagem, uma operação que depende do repertório de cada pessoa (MARCUSCHI, 2003).

c) Feedback – Outro elemento importante da comunicação é o feedback (ou seja, retorno, resposta). Corresponde à informação que o emissor consegue obter e pela qual sabe se sua mensagem foi captada pelo receptor. Por exemplo: um professor de matemática, numa sala de aula com trinta alunos, explica que todo número par é divisível por 2. Como sabe se os alunos entenderam a mensagem?

O professor consulta a classe perguntando se eles entenderam. Vamos supor que os alunos digam que “sim”. Eles estão expressando um comentário a respeito. Este é o feedback para o professor saber se foi compreendido.

d) Empatia – Para que a comunicação interpessoal seja satisfatória, um elemento de extrema importância é a empatia, ou seja, a capacidade manifestada por uma pessoa de sentir o que sentiria se estivesse na situação da outra. Muitos fatores facilitam ou dificultam a empatia entre emissor e o receptor. (NEVER, 2001).

Um dos problemas que atrapalham o estabelecimento de empatia é a tendência natural das pessoas de julgarem as outras a partir de usas próprias referências e valores. Com isso, a apreciação do comportamento alheio é feita antes que haja um contato maior.

e) Compreensão mútua – Tanto o emissor como o receptor podem tentar desenvolver a empatia. Para isso, basta que ambos evitem julgamentos ou conceitos anteriores à mensagem em si (MACHADO, 1999).

Para efetivamente haver comunicação é preciso que o receptor queira receber a mensagem. Quando isso ocorre, ele se mostra um receptor atento. E, caso tenha alguma eventual tendência à agressividade em relação ao emissor, acabará revendo esse comportamento. Afinal, ainda tomando por base o exemplo da escola, o professor pode não ser muito simpático e usar palavras difíceis, mas tem coisas importantíssimas para transmitir (MARCUSCHI, 2003).

Em síntese, a compreensão mútua conduz a uma maior aceitação de uns pelos outros e contribui para gerar atitudes mais positivas de modo que se chegue mais facilmente a soluções. Alguns elementos diferenciam os bons hábitos dos maus hábitos quando nos comunicamos oralmente. São eles: dicção clara, discurso lento, tom baixo e atitude relaxada.

Uma dicção clara é, sem dúvida, o elemento mais importante para uma boa comunicação verbal oral. A maioria das pessoas não só no mundo dos negócios, mas também em outras áreas tende a falar descuidadamente, rolando as consoantes e balbuciando as vogais sem precisão. Grande parte desse problema tem origem nos maus hábitos adquiridos quando aprenderam a falar na infância. Já um discurso muito lento, feito pausadamente aliado a um tom baixo na expressão de voz, conduz à monotonia, à preguiça e ao desinteresse (NEVER, 2001).

Para atingir uma comunicação eficiente, é preciso ordenar de forma seqüencial e lógica as idéias. Na apresentação do conteúdo, o objetivo é conseguir a compreensão dos ouvintes. Para isso, pode-se recorrer a exemplos e ilustrações que esclareçam o assunto tratado.

Durante uma comunicação oral, aconselha-se falar sobre um só ponto, não correndo o risco de desviar-se do assunto principal com explicações secundárias.

Fazer um resumo dos pontos importantes para revisar toda a informação. Falar com convicção, demonstrando acreditar no que se diz, com gestos e expressões.

5.3 Sugestões ou Práticas para as Aulas de Língua Portuguesa na Universidade

O professor deve demostrar segurança dentro da disciplina que trabalha. O estímulo para a fala, leitura e escrita devem partir do docente que ama e valoriza sua profissão. Um paralelo entre a importância da gramática, como as leis que regem o bom funcionamento da língua, seria um bom começo para desmistificar que o Português é difícil e maçante.

Discussões sobre temas atuais, que são de interesse geral, devem ser levados à sala de aula para as produções de textos. Pedir a turma que digam, o que acham da língua e escrita, serve para sabermos onde estão os erros e como modificá-los.

O desprendimento do professor para o aperfeiçoamento da fala de seus alunos, também é um aspecto importante da língua, visto que o falar bem, com boa desenvoltura, carisma, vocabulário adequado à situação comunicativa, gestos e postura, podem elevar de forma considerável o nível de receptividade dos alunos.

A idéia de se inserir tanto no professor quanto no aluno a noção de que a excelência na comunicação é fundamental, na verdade, já soma alguns anos. A aceleração da globalização, a criação de vários cursos de aperfeiçoamento, fora do âmbito escolar, só demonstram que este processo comunicativo deve ser incrementado com a pressa que o mercado impõe (BECHARA, 1985).

Apesar de se verificar a existência de dificuldades advindas do conservadorismo, do comodismo e da apatia, frentes fortes, estão já há muito tempo sendo desenvolvidas com este intuito a nível mundial, alcançando e adentrando também longínquos centros urbanos (educacionais e profissionalizantes).

De qualquer maneira, observa-se que quem tem posse do falar, motivado e significativo, alcança bons resultados profissionais. O professor carismático que adentra uma sala de aula cumprimentando o alunado e tendo uma postura informal, abre os sentidos, os reflexos, a percepção dos alunos. Assim, qualquer conteúdo, por mais complexo, será apreendido de forma um pouco mais amena. Também, a excelência docente não se faz pelo mero acúmulo de certificados e/ou especializações, mas pela forma com que este professor faz a transferência para o seu aluno: não é um vocabulário específico e sem sentido que marca um bom profissional na área educacional.O bom profissional antes de tudo deve amar e valorizar a sua profissão, para que consiga fazer sempre o melhor para si mesmo e aos outros.

Toda a comunicação é educativa, porque ela é o processo de compartilhamento da experiência comum, e com isso proporciona aos indivíduos não só disposições emocionais e intelectuais como prevê experiências mais amplas e variadas (LIBÂNEO, 1998, p. 54).

Verifica-se com a citação do referido autor que para realmente ser um bom educador, é necessário ouvir o que o aluno tem a dizer e não tratá-lo como “mais um” que passa pela sua vida profissional. A troca de experiências, emoções, a valorização da realidade sócio-cultural dos alunos são fundamentais para que as mudanças dentro do estudo da língua materna ocorram.

6 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Conforme o assunto abordado neste trabalho, com o objetivo principal de identificar os recursos expressivos da comunicação e, ainda tendo como subsídio a pesquisa bibliográfica, foi possível aprofundar as informações sobre a linguagem e suas implicações didático-pedagógicas, no ensino da Língua Portuguesa.

Foi possível compreender, através dos mais diferentes autores, que a comunicação verbal é a principal arma do homem para exprimir seus estados mentais por meio de um sistema chamado língua. Esta instituição social pertence a todos os indivíduos da mesma comunidade e apresenta caráter abstrato, uma vez que é um código e um sistema de signos, porém se concretiza através dos atos da fala.

A linguagem, pela sua natureza, é transdisciplinar, não menos quando é enfocada com objeto de estudo e exige dos professores essa expectativa em situação didática e aprimoramento constante.

Contatou-se que a linguagem é considerada como a capacidade humana de articular os significados coletivos e compartilhados em sistemas arbitrários de representações, que variam de acordo com as necessidades e experiências da vida em sociedade. Todo este processo só é possível porque a linguagem é uma herança social, uma “realidade primeira” que, uma vez assimilada, envolve os indivíduos e se faz com que as estruturas mentais, emocionais e perceptivas sejam reguladas pelo seu simbolismo.

Conclui-se então que a comunicação é um dos meios que o homem possui para representar, organizar e transmitir de forma específica seu pensamento, pois toda linguagem carrega dentro de si uma visão de mundo, que pode ser também influenciada pela atuação de bons professores de Língua Portuguesa. Professores esses que saibam reconhecer a língua como um instrumento de interação social e não só como um emaranhado de regras, que devem ser decoradas e seguidas de acordo com um padrão, que se torna cada vez mais questionável e criticado pelos estudiosos da área.

ABSTRACT

Human interaction reveals aspects that need to be designed and analyzed, so that we can achieve efficient communication. In this sense, the objective of this study was to propose activities for the practice of verbal and nonverbal, as well as describe, identify and relate the key aspects to effective use of Portuguese. Thus, the detachment of the teacher to improve his action is essential to improve writing, speaking and reading academics.

Key-Words:

Verbal / nonverbal communication, Portuguese.

1 Professora FAR - Faculdade Almeida Rodrigues, Coordenadora Pré-Vestibular do Município de Rio Verde – Goiás, Professora Faculdade Ávila. Graduada em Letras e Direito, Pós-Graduada em Metodologia Aplicada ao Ensino, Leitura e Produção de Texto e Gestão Pública no Direito, Cursando Pedagogia e Mestrado em Direito, Relações Internacionais e Desenvolvimento-PUC-Goiás, como aluna especial.

Referências Bibliográficas

ALCURE, Lenira Ferraz. Comunicação verbal e não verbal. 2.ed. Rio de Janeiro : Senac, 1996.

BECHARA, Evanildo. Ensino de Gramática: Opressão? Liberdade? São Paulo : Ática, 1985.

CASTILHO, A.T. de. A Língua falada no ensino de Português. São Paulo : Contexto, 1998. 134p.

CEREJA, William Roberto; MAGALHÃES, Tereza Cochar. Português: linguagens/literatura, gramática e redação. 2.ed. São Paulo : Atual. 2004.

COELHO, Braz José. Comunicação Verbal. 2 ed. Goiânia : Cultura, 2005.

LIBÂNEO, José Carlos. Adeus professor, adeus professora. 6.ed. São Paulo : Cortêz. 1998.

MACHADO, Andréia Monteiro Barros. Falando muito bem em público. São Paulo : Makron Books, 1999.

MARCUSCHI, Luiz Antonio. Da Fala para a Escrita. São Paulo : Cortêz. 2003. 136p.

NEVER, Maria Helena de Moura. Gramática na escola. São Paulo : Ática, 2001.

OLIVEIRA, Maria Helena Cozzolino de. Metodologia da Linguagem. 7.ed. São Paulo: Saraiva, 2007.

SOARES, Magda. Linguagem e escola: uma perspectiva social. 16 ed. São Paulo: Ática, 1999.

 Voltar